Dançar

Pesquisadores alemães acreditam que, por terem feito o estudo com um número considerado pequeno de pessoas, será preciso novos estudos para comprovar o que constataram ao trabalhar com dois grupos de voluntários: quem faz dança leva vantagem sobre quem faz apenas exercícios. Segundo os pesquisadores, depois de um ano e meio de atividades, “os integrantes do grupo que se dedicou às aulas de dança tiveram resultados bem melhores em testes de equilíbrio do que antes de começarem o experimento. Já os que só fizeram os exercícios não obtiveram melhorias neste quesito.” Ou seja, a dança se mostrou mais eficaz como instrumento para ajudar pessoas que passaram dos 60 anos a viver melhor.

Leia mais sobre o estudo neste artigo de O Globo:

Dançar, além de divertido, pode trazer mais benefícios para a saúde do cérebro de idosos do que exercícios básicos. Pelo menos é o que indica estudo que comparou os efeitos de dois programas de atividades físicas em uma pequena amostra de homens e mulheres saudáveis com idade média de 68 anos recrutada na área da cidade de Magdeburg, na Alemanha, e publicado recentemente no periódico científico de acesso aberto “Frontiers in Human Neuroscience”.

No experimento, os voluntários foram divididos em dois grupos: um se submeteu a um treinamento de resistência com exercícios aeróbicos, como pedalar em bicicletas ergométricas e a chamada caminhada nórdica, que une o uso de batões semelhantes ao de esqui; enquanto o outro se dedicou a aulas de dança demandantes tanto do ponto de vista físico quanto mental, tendo que frequentemente aprender novas coreografias em ritmos como mambo, jazz e danças folclóricas. Ambas práticas tinham duração de 90 minutos, a princípio duas vezes por semana e depois semanalmente.

Segundo os pesquisadores, ao fim dos dois programas, após 18 meses de atividades, os integrantes do grupo que se dedicou às aulas de dança tiveram resultados bem melhores em testes de equilíbrio do que os que alcançaram antes de começarem o experimento. Já os que só fizeram os exercícios não obtiveram melhorias neste quesito. Mais importante, no entanto, foram as diferenças dos efeitos dos dois programas no hipocampo, região do cérebro ligada à memória e navegação espacial, entre outras funções.

Embora os dois grupos tenham apresentado aumento no volume geral do hipocampo – que “encolhe” com a idade a uma taxa de 2% a 3% por década que se acelera para 1% anual a partir dos 70 anos, e é uma das áreas atingidas por doenças neurodegenerativas como o mal de Alzheimer e outras demências -, só o que fez as aulas de dança teve ganhos aparentes numa subárea chamada giro denteado, fundamental para os processos de formação de memória e reconhecimento espacial.

O estudo, no entanto, tem limitações, admitem os próprios pesquisadores. Para começar, a amostra final foi pequena, com apenas 14 integrantes do grupo dos “dançarinos” e 12 dos “esportistas” tendo completado seus programas de atividades um ano e meio e feito os exames e testes necessários para as análises. A alta taxa de desistência – eram 52 os originalmente inscritos, 26 em cada grupo – também obrigou os pesquisadores a diminuírem a frequência das atividades de duas para uma vez por semana aos seis meses do experimento, então não é possível dizer se os benefícios seriam mais ou menos diferentes se a carga inicial tivesse sido mantida.

Outro problema é que ainda não é possível verificar em humanos se as atividades físicas regulares promoveram a chamada neurogênese – produção de novos neurônios – no hipocampo, como já foi observado em modelos com animais, nem a validade da segmentação desta região do cérebro nas subáreas usada na pesquisa. Mesmo assim, Kathrin aconselha a todos que quiserem se manter ativos e saudáveis tanto física quanto mentalmente a se levantarem e dançarem ao ritmo que mais gostarem:

– Acredito que todos gostariam de viver uma vida independente e saudável mais longa possível. A atividade física é uma prática que pode contribuir para isso ao combater diversos fatores de risco e frear o declínio da idade. E acho que a dança é uma ferramenta poderosa para apresentar novos desafios para o corpo e a mente, especialmente numa idade avançada.

Fonte: 50 e Mais

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