As Festas de Natal e Ano Novo são um período que as pessoas esperam alegremente. Entusiasmam-se com os encontros e as preparações! Mas, para outras pessoas, essas festas geram sentimentos que causam temor, depressão e angústia. São pessoas que fazem contagem regressiva para a hora de tudo acabar e poder voltar a rotina normal.
Esses sentimentos são na maioria das vezes frutos de ansiedade e medo sobre o que vai acontecer. Ou o que não vai acontecer… Sentimentos de insegurança e expectativas podem comprometer a importância do momento presente e de todas as situações que podemos desfrutar.
Quando falamos de idosos e suas famílias, essas festas podem ter conteúdos importantes para explorarmos aqui.
As mudanças e as novas organizações pelas quais as famílias vão passando ao longo dos anos influenciam estes sentimentos. As mudanças de papéis entre os idosos e as pessoas ao redor (quem sempre cuidou, agora precisa ser cuidado e quem sempre foi cuidado agora passa a cuidar) vão trazendo modificações na forma de comemorar essas datas.
Há aquelas famílias que, mesmo com sua estrutura modificada, ainda mantém as reuniões e os encontros familiares. O idoso, muitas vezes era o anfitrião ou anfitriã da família, mas agora não cumpre mais este papel. Para manter ou até promover as tradições familiares, alguém deve assumir esta função.
Também temos a situação da dispersão da reunião familiar. A comemoração dessas festas, pelo fato de o anfitrião da família não estar atuante, acaba. Seja por questões de alguns comprometimentos na sua saúde e na forma de articular e fazer o encontro acontecer. Seja pela perda daquele familiar que liderava os encontros. E assim, muitas vezes, as comemorações vão sendo mais individualizadas e direcionadas para as prioridades de cada um. Ambas são situações que envolvem muita energia e sentimentos que muitas vezes se intensificam nessa época do ano.
Por esse motivo algumas considerações são importantes para que cada um passe por esses eventos com a maior qualidade emocional possível.
1. Cada família tem sua história e sua forma de celebrar essas datas. Importante considerar toda questão cultural, religiosa e até mesmo emocional que as datas despertam. O respeito e o acolhimento pela escolha, especialmente do idoso, quando esse apresenta condições de fazer escolhas, decidir sobre como deseja celebrar essas festas. A compreensão e a união são fatores importantes, mesmo quando nós familiares desejaríamos outras organizações.
2. Considerar o estado atual do Anfitrião da família e as possibilidades de estar junto com ele. Favorecer o máximo possível sua participação no ambiente familiar. Na maioria das vezes, a casa do anfitrião não é mais a casa em que aconteciam os encontros. Por esse motivo favorecer a integração e a participação do idoso ainda nos preparativos é muito importante. Podemos pensar nas seguintes atividades: pedir para o idoso provar o tempero de algum prato típico da família. Manter o idoso por perto enquanto há o preparo da refeição, interagindo com ele, despertando lembranças dos Natais anteriores. Pedir pequenas ajudas como: colocar um prato da pia, ler uma receita da sobremesa, destacar as folhas da salada para serem lavadas. Colocar música, especialmente que o idoso sempre gostou de ouvir e que tenha feito parte da sua história. Se houver entrega dos presentes entre os convidados,o idoso pode ler os nomes, mesmo se necessitar de ajuda. Ler uma oração, se for tradição da família.
3. Nas festas de final de ano, especialmente quando o idoso, já com declínio cognitivo e com diminuição da sua autonomia, se desloca da sua moradia para passar as festas na casa dos familiares é de extrema importância respeitar sua rotina e os seus horários (horários do banho, das refeições, das caminhadas). Este cuidado singular e uma interação bem próxima com o idoso pode ajudá-lo a se sentir seguro no novo ambiente.
4. Que cada conflito vivenciado sobre como será a participação de cada membro da família no cuidado com o idoso que possa haver possibilidades de superação e de promover a união e o respeito entre todos aqueles que fazem parte da construção e manutenção de cada família.
Enfim, independente de qual situação o idoso esteja e qual seja o seu diagnóstico o mais importante é que esse idoso possa ser estimulado e acolhido, dentro de suas condições.
Mesmo com todas as probabilidades de novos comprometimentos que possam ir surgindo ano após ano, que o idoso sinta-se importante para a família e amado por todos. Em situações de muita dependência e auxílio total para as atividades da vida diária há uma chance para cada familiar, dentro de suas condições, desenvolver o cuidado e expandir o AMOR. Devemos sempre oferecer um cuidado digno para aqueles que hoje necessitam desse amparo.
Fonte: idosos.com.br/