Isadora Neumann / Agencia RBS

Terapia com animais é oferecida uma vez por semana desde outubro do ano passado para melhorar a qualidade de vida 

Impossível apontar quem, entre visitantes e moradores, estava mais contente neste domingo (16), no lar de idosos Gustavo Nordlund, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. Pouco antes das 14h, entraram pelo portão Pipoca — um cavalo crioulo — e seis cachorros, todos do projeto de extensão Pet Terapia: Terapia Assistida por Animais Desencadeando Bem-Estar, promovido pelos cursos da área de Saúde da UniRitter.

A parceria começou em outubro de 2018, com visitas semanais dos cães, sempre às sextas-feiras. Em março deste ano, porém, Pipoca também foi chamado para os encontros. Excepcionalmente no meio do mês de junho , os animais foram levados num domingo, quando foi feita a festa junina do projeto. 

Há 10 anos morando no lar, Valda Alves, 78 anos, falava da infância enquanto dava de comer para o equino. Ao lado, Mafalda — uma golden retriever inquieta — torcia para que sobrasse para ela um pedaço daquela cenoura aparentemente suculenta.


Isadora Neumann / Agencia RBS

— Eu morava “pra fora”, andava de cavalo. Sempre tinha cachorro, gato, porco, tudo quanto é bicho. Quando eles vêm aqui, eu lembro daquele tempo — disse Valda, com um sorriso largo, antes de dividir o alimento do cavalo com o cão. 

E esse é um dos benefícios da aproximação entre os idosos e os animais: recordar a infância. Mas a integrante do projeto e professora do curso de Fisioterapia da UniRitter, Magda Furlanetto, vai além e cita outras vantagens.

— A presença dos animais remete à sensação de família, de pertencimento a algum lugar ou grupo. Também afeta a cognição, e isso se traduz em melhora da coordenação motora — explica.

Noemia Pisapia, catarinense de 84 anos, também estava empolgada com o Pipoca. Antes de se mudar para o lar, nunca tinha acariciado um cavalo, mas sempre viveu rodeada de cachorros. Um deles era o Bob, que despertava ciúme até no marido dela. Em uma sacolinha de plástico transparente, Noemia carrega fotos dos dois.

— O Bob só obedecia a mim. Meu marido ficava bravo com isso — conta Noemia, que foi parar no lar após o falecimento do companheiro, há cerca de três anos. — A gente fica a semana toda ansiosa esperando os cachorros e o Pipoca. É uma festa quando eles estão aqui — complementa.

Quem estava bem à vontade também era a cadelinha Schuky, acomodada no colo da Terezinha Campos, 40 anos. Não queria sair de lá de jeito nenhum, e Terezinha nem fazia questão que isso acontecesse.

— Ela é bem bem peluda, né? — disse a senhora, encantada com o animalzinho.

Analista de Recursos Humanos e destacado como porta-voz do lar, Carlos Gomes disse que, no primeiro dia do projeto, já foi possível perceber mudanças comportamentais nos idosos:

— Identificamos diferença no temperamento. Alguns eram muito fechados. Arrancar um sorriso deles era bem complicado. Agora, eles estão mais felizes, sorridentes.

Coordenadora do projeto Pet Terapia, Ilusca Sampaio Finger acrescenta que, com o passar do tempo, os idosos passaram a confiar na equipe e nos animais. Ela destaca que, hoje, há uma cumplicidade que faz bem para todos: bichos, equipe e idosos.

— Na presença dos cães, eles saem dos quartos, brincam, sorriem, dançam. Notam-se mudanças positivas emocionais, afetivas, comportamentais e psicomotoras — comemora Ilusca.


Isadora Neumann / Agencia RBS

Fonte: Gaúchazh Saúde

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