A dona Cida foi daminha de honra do casamento do seu neto, Marcelo, que é médico e de quem se lembra bastante, apesar da perda de memória causada pelo Alzheimer.
Marcelo e a noiva, Carla, se casaram no final de 2017, na igreja Nossa Senhora da Saúde, em São Paulo. Ao Razões para Acreditar, Marcelo revelou que o convite para avó ser daminha de honra foi uma forma singela de fazê-la se sentir especial e também para guardar uma recordação gostosa da dona Cida.
“Foi uma grande honra ver minha avó de 90 anos levando as alianças com a minha prima. Geralmente pessoas que têm demência lembram de coisas que geram grande impacto emocional, um sentimento forte. Como ela não vinha lembrando de quase nada eu pensei que aquele dia poderia marcar a vida dela agora no presente”, conta Marcelo.
Cida entrou na cerimônia acompanhada pela neta, Renata, surpreendendo os 300 convidados, que esperavam ver uma criança carregando as alianças. Cida estava radiante, achando tudo muito lindo, enquanto Renata tentava, sem sucesso, controlar a emoção.
“Ela não estava entendo muito bem, mas reconhecia pessoas que eram da família dela. Estava feliz e contente. Quando a gente entrou de mãos dadas eu falei ‘vó, tá chegando a hora’, e o meu olho já cheio de lágrima. Aí eu falei ‘é o Marcelo que está casando, seu neto, médico”, lembra Renata.
“Aí na hora que ela viu o Marcelo ela falou assim ‘nossa, eu conheço ele desde pequeno’. Na verdade, ela não lembra que conhece o Marcelo desde pequeno. A gente que chama muito ela de vó pra ela lembrar o que somos dela.”
As duas acompanharam a cerimônia no primeiro banco do lado direito da Igreja. A dona Cida estava completamente encantada com os detalhes da decoração. Ela não lembrava da noiva, mas olhou para Renata e disse ‘nossa, que noiva linda, eu não conhecia ela’. Marcelo e Carla estavam juntos há 17 anos.
“Mas foi bonitinho o encantamento dela. Tinha uma madrinha com um vestido todo rosa, de paetê, e ela ficou toda encantada com o vestido. E teve uma hora que eu fui testemunha do casamento. Então, eu falei ‘vó, só eu que vou lá, você fica aqui’. Eu estava morrendo de medo da reação dela. Mas ela estava tão encantada com as plantinhas, de ver o neto dela…”
Marcelo também vai guardar pra sempre a imagem da avó entrando na Igreja como daminha: “Depois que ela for embora vai ser muito gostoso imaginar como foi o dia. Passou um filme na minha cabeça, de como foi a infância e de como seu gosto dela”.
Como médico, Marcelo acredita que a cerimônia e a festa do casamento fizeram bem à saúde mental da avó: “Na cerimônia e depois na festa ela estava sendo minha avó. Mesmo que ela não se lembre hoje, eu tenho certeza que ela se emocionou e estava gostando muito. Acho que são esses pequenos momentos que têm feito ela ficar viva”.